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Tenho-me abstraído de escrever aqui sobre o meu clube, porque me custa. Porque vejo coisas a acontecer pelas mãos (e boca, sobretudo pela boca) da figura máxima do atual presidente que são tão tristes e difíceis de digerir que expô-las é também para mim quase doloroso - como creio que o seja para uma fatia significativa de camaradas sportinguistas.

No entanto, na véspera das eleições, e em jeito de reflexão, é para mim claríssimo que Bruno de Carvalho não devia continuar como presidente do Sporting Clube de Portugal. Mesmo sabendo que ganhará, provavelmente até com uma maioria clara, jamais poderei votar em quem durante os últimos anos não trouxe vitórias ao clube, se acha seu dono, vê conspirações e inimigos por todo o lado e anda de “peito feito” como se tivesse ganho todos os títulos possíveis e imaginários; são aliás estes últimos que vislumbro para os próximos anos, se mantivermos este sportinguista (disso não tenho quaisquer dúvidas) a presidir a nossa respeitável instituição.

Já aqui o disse, BDC teve o mérito de acordar um leão quase morto e ressuscitar muitos dos sócios que tinham deixado de acompanhar a equipa. Teve também o mérito de fazer alguma coisa pela valorização patrimonial e financeira do clube, embora aqui tenha algumas reservas (quem trabalha na área financeira sabe que não é difícil “mascarar” números, mesmo os que se apresentam em relatórios e contas).

No entanto, não me parece concebível votar em alguém que, para além dos poucos títulos desportivos, esteja com a boca cheia de banalidades e fale com o mundo em geral (sportinguistas incluídos) como quem se dirige a um conjunto de criancinhas. Em consciência, não posso votar em alguém que não aprende com os erros e semeia ventos por todo o lado, que desrespeita sistematicamente tudo e todos (sportinguistas incluídos) e tem uma estratégia titubeante e inconsistente para o clube. Não posso confiar numa pessoa que depois de ter apregoado “cobras e lagartos” de membros de anteriores direções, tenha agora como “porta-bandeira” alguém que transmite tudo menos credibilidade e confiança financeira aos sócios e investidores. Que na sua primeira candidatura prometeu milhões de fundos russos ou americanos ou lá de onde eram. Que rasga contratos de forma irresponsável porque lhe deu na mona, não respeitando os interesses do clube e colocando-os bem atrás das suas infantilidades.

Não posso MESMO dar crédito a alguém que demagogicamente prometeu campeonatos ano após ano (“o Sporting vai ser campeão em tudo!”), o naming do estádio e da academia ou o fecho do fosso (o do estádio e o que - metaforicamente - nos separa dos nossos rivais). Que tem neste momento a estrutura mais cara da história do clube, da equipa principal às modalidades – e qualquer leigo em gestão sabe que o efeito boomerang de uma situação destas poderá ser francamente grave, a partir do momento em que as receitas não são (em larga escala) fontes fixas de rendimento.

O Sporting de hoje gasta demais e ganha de menos. E tem um líder que continua (como ontem) com o discurso fracassado e populista dos seus antecessores na altura das derrotas: “Se não tem acontecido aquele jogo na Luz estaríamos em primeiro” (caro BDC, faça contas. Estamos a uma dezena de pontos dos primeiros…) ou “Eu assumo todos os erros e já sabemos o que vamos fazer na próxima época para os corrigir” (a sério, mesmo a sério? outra vez a mesma lengalenga?).

Já o disse aqui também e repito: o lugar de BDC é na bancada a apoiar o clube, onde saberá, com toda a certeza, como eu aliás, cumprir bem as suas funções.

Mas esta é apenas a minha modesta opinião. Respeitarei sempre quem ache que os desígnios do clube lhe estarão melhor entregues do que ao outro candidato – que, não me enchendo as medidas é o garante de um perfil de liderança diametralmente oposto ao atual e de que dias piores muito provavelmente não teremos.

Apresentou uma estrutura e uma equipa aparentemente competentes, um treinador e coordenador para o futebol com currículo para fazerem um bom trabalho e fez promessas - como sempre e em todas as eleições - que agradam e diferem em muito do trabalho feito pelo atual presidente, nomeadamente mais rigor nas contratações (espero que muito mais) e maior aproveitamento e potencialização da academia e da formação.

Compromete-se a fundamentais ajustes e rigor orçamental, diz que (com muito agrado da minha parte), os novos contratos terão uma forte componente variável (ou seja, por objetivos) e que se o treinador não ganhar sairá no final dos dois anos de contrato.

Acaba-se a espécie de monarquia instalada e passamos a ter um presidente a gerir as várias lideranças por área do clube. Regressa o basquetebol e avança o naming do estádio.

Espero que, se por acaso ganhar, acabe também de vez as obsessões várias pelos rivais (o que não significa falta de firmeza, quando necessário) e passe a imagem de que no clube as relações com os outros (sócios, fornecedores, parceiros, rivais, etc) são vividas de forma saudável e respeitosa.

É tendo a certeza que independentemente do resultado das eleições, continuarei a ser do Sporting e estarei sempre nas bancadas a apoiar as várias equipas, que espero que o ato eleitoral de amanhã corra de forma “limpinha, limpinha”, sem candidatos nas filas de votantes a exercer uma derradeira pressão no voto, sem que suspeitas existam na contagem dos mesmos e que o Sporting Clube de Portugal saia dignificado de mais esta etapa.

Ricardo Branco, Sócio nr 10.251

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2 comentários

De josé a 05.03.2017 às 15:43

Caro Ricardo, subscrevo muitas das tuas dores relativamente a parte do comportamento do nosso presidente, mas o Madeira Rodrigues? nunca foi alternativa.
Perto de 90% das intenções de voto demonstraram que o universo sportinguista se preferiu manter ao lado da liderança dos últimos 4 anos, contra quem nunca se conseguiu constituir como alternativa válida.
De onde saiu o Madeira Rodrigues?? quem era a sua base de apoio?? seria o Godinho Lopes, conforme veiculado pelo Ricciardi?? não nos podermos esquecer de como estava o Sporting quando o BdC assumiu a presidência do clube e de como está agora.
Tivesse o Sporting sido campeão recentemente, e merecia tê-lo sido o ano passado, todos estes tiques de comportamento do BdC seriam "fait divers", porque à excepção do facto de faltarem campeonatos, o que não sendo despiciendo, está uma base forte constituída que, acredito, nos vai fazer campeões num futuro muito próximo.

Abraço!

De Anónimo a 06.03.2017 às 09:14

Ricardo palavras sábias e certeiras, infelizmente o seu presidente após ser eleito mostrou a sua raça de mal educado, arrogante, com um ego do tamanho do mundo, contra tudo e contra todos, sempre pensei que tivesse feito uma reflexão às suas próprias atitudes, mas não, mais do mesmo, mais 4 anos de uma pessoa sem qualquer credibilidade, sem perfil de presidente e com atitudes de criançola, no final do jogo dirigi se aos adeptos a fazer festinhas na cabeça pelo empate, ridículo no mínimo. Verdadeiramente e como diz muito bem ele devia era estar na bancada!

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