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O above e o below na publicidade, na política, no desporto e na vida em geral. E algumas histórias entre linhas.
A simplicidade da narrativa é inversamente proporcional ao impacto que a mesma tem nos espetadores. Forte, difícil de digerir sobretudo para quem tem filhos e/ou uma relação de grande afetividade com os irmãos, este é mais um dos filmes em cartaz que, para quem gosta de cinema, é imperdível.
Baseado numa história verídica e nomeado para vários Óscares, conta-nos, numa primeira parte verdadeiramente angustiante, como o pequeno Saroo se perde do irmão numa estação de comboios, de como vai parar a Calcutá (a mais de 1.500 quilómetros de casa e sem falar bengali) e de como, apesar da solidão e das imensas dificuldades, se torna um sobrevivente com o destino traçado.
A segunda parte, maioritariamente passada na Austrália e depois de ser adotado, é menos intensa e tem menos “rasgo”. Saroo surge já adulto e a viver numa a espécie de tortura mental, em que as memórias da perda da família original, sobretudo do irmão Gudu, são uma constante que o levam a definitiva e obcessivamente dar o passo de a voltar a encontrar (e o momento final do reencontro é emocionalmente avassalador).
A fotografia é sempre brilhante e são muitas as passagens em que os silêncios ou os barulhos da rua ou dos comboios são fortes o suficiente para serem tão ou mais importantes que o contraste brutal das cores (apesar da extraordinária banda sonora). O filme é poderoso e cativante. Para Óscares, sem dúvida.
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