Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O above e o below na publicidade, na política, no desporto e na vida em geral. E algumas histórias entre linhas.
Não posso dizer que esteja no meu top de preferências musicais, mas gosto genuinamente de Bob Dylan. Consistente, coerente, um cantautor “à antiga”, como Cohen ou Buarque (de quem gosto mais). E fiquei arrepiado quando vi a notícia na televisão, ontem à hora de almoço. Prémio Nobel.
Independentemente das qualidades literárias inegáveis e do “lugar ao sol” mais do que assegurado na tradição literária americana, este é, provavelmente, o Nobel da Literatura mais polémico da história e, seguramente, de muito difícil poder de encaixe para os amantes de literatura mais céticos e “puros”, que inflamadamente têm atacado a Academia Sueca.
A estes digo que não é um apocalipse. É óbvio que há outros (tantos) extraordinários escritores que podiam ter vencido este ano. Mas também Proust ou Jorge Luis Borges poderiam (mereceriam!) ter vencido noutros tempos e isso não aconteceu.
Lembremo-nos que a literatura, por definição, é a “arte de compor obras em que a linguagem é usada esteticamente, procurando produzir emoções no recetor”. E Bob Dylan é absolutamente genial neste ponto. E no futuro poderá ser lembrado por ter terá tido o condão, mesmo sem o saber, de não nos deixar ver a literatura como uma “categoria” estanque, de ter ajudado a redefinir e ajustar as fronteiras do que podemos considerar literatura. E de nos ter desafiado e desassossegado também na escrita, para além da música.
The Times They Are a-Changin. Que bom, digo eu!
A música de Caetano Veloso entrou na minha vida já bastante depois da adolescência, numa fase em que comecei a ouvir com mais atenção outro tipo de música que não rock, numa altura em que deixei de o achar uma espécie de mago velho.
Um pouco de atenção foi mais do que suficiente para perceber e sentir o óbvio encantamento - e, na verdade, para me achar uma realíssima besta por ter ignorado, durante uma parte da minha vida, um dos muitos deuses, se calhar o maior, da música popular brasileira.
Com o passar dos anos, para além de gostar (cada vez mais) de Caetano, comecei a degustar. E ontem assistimos a um concerto em modo de “menu de degustação”, intimo, de poesia cantada sempre acompanhada por um violão a encher a sala.
Como entrada, apareceu Teresa Cristina, com o extraordinário Carlinhos 7 Cordas, para cantar Cartola - compositor sambista da Mangueira. Uma hora quente e deliciosa de homenagem ao samba, absolutamente surpreendente e emocionante, o início de uma noite perfeita.
Depois, Caetano, o prato principal. 74 anos. Cantou maravilhosamente, como era suposto e ainda arriscou (e tão bem) um Love for Sale “à capela”, bem como o tema Libertação, em português - um poema de David Mourão-Ferreira interpretado por Amália. O velho que eu já achava velho há mais de 20 anos, foi sublime e fez-nos levitar durante todo o espetáculo.
O concertou terminou com os três em palco, qual sobremesa arrebatadora que nos deixa de barriga cheia e alma lavada.
Tenho a sorte de já ter visto ao vivo este expoente máximo da música brasileira uma meia dúzia de vezes. Se a vida o permitir, gostava de (pelo menos) duplicar este número. E saborear outra vez cada segundo da música de um mago, que de velho tem pouco.
De todos os músicos da “nova geração”, claramente Ed Sheeran é o que mais gosto. E a critica também. Um “camião” de prémios nos últimos anos e sucessivos concertos esgotados, têm sido as justas recompensas e corolário da sublimidade na composição, voz e produção.
Quando hoje “dei de caras” com a notícia do The Independent acerca do possível plágio, fiquei incrédulo e confesso que me custa muito aceitar que um bom músico (porque o é), possa ter ido por um caminho sinuoso como este, para alcançar o sucesso. Vou acreditar que não.
Mais pela curiosidade do que pelas expetativas, fui ao último dia do Rock in Rio, para ver Avicii. A música eletrónica não é, de todo, “a minha praia”, mas perante um final de carreira eminente e a convicção de que a assistir a uma atuação em palco neste género, seria a do DJ mais reconhecido... fui. E não me arrependi.
Passada uma primeira fase, em que tive que me abstrair da hipótese da mesa de trabalho poder ter uma pen com um alinhamento já definido e uma segunda, em que tive que me mentalizar de que não se tratava de um concerto, mas sim de um mega espetáculo, acabei por me render.
Durante cerca de uma hora e meia, com a música integrada numa espécie de alucinação cénica, carregada de projeções, chamas, fumos e feixes de luz, o “maestro”, do alto do seu palanque e perante quase 50.000 pessoas, esteve em grande nível, fechando assim da melhor maneira mais uma edição do RIR, marcada por alguns percalços.
Estive presente no primeiro dia do festival, por causa do Boss. E, como seria de esperar, não me arrependi.
O “aquecimento mais a sério” esteve a cargo da melhor banda de rock portuguesa e os Xutos, como seria de esperar, não comprometeram. Todos conhecem as letras das músicas e foi relativamente fácil afinar a garganta do público, antes da entrada do furacão Springsteen.
Apesar do som (por causa do vento) não estar particularmente bom, Bruce Springsteen e a E Street Band deram uma verdadeira lição de rock.
Grande grande grande concerto! Durante quase três horas, uma alma generosa, imensa e incansável, um colosso em palco e (mais) uma noite memorável, sempre em comunhão com a audiência.
Foi a terceira vez que tive a oportunidade de assistir a um concerto deste ícone do rock e é impressionante e emocionante a força, a simpatia, a entrega e a disponibilidade que quase seriam dispensáveis a quem tem uma careira tão longa e recheada de sucessos e praticamente… 70 anos.
No segundo dia não fui, mas, sobretudo por algumas (boas) críticas que li, resolvi recuperar em televisão o concerto dos Queen. E mesmo sabendo que o impacto de um evento em televisão, nada tem a ver com o que sentimos na pele ao assistir ao vivo, fiquei com a clara sensação de que Adam Lambert não tem força nenhuma e qualquer semelhança com Freddie Mercury é pura coincidência. Bem sei também que, objetivamente, não é para comparar um e outro (apresentam-se, aliás, como Queen + Adam Lambert), mas, ainda assim, é inevitável a confrontação. E, por muito que Brian May e os restantes músicos em palco (e os efeitos visuais) tenham tentado “disfarçar”, só me ocorre uma palavra… confrangedor.
Enfim, acabo estes primeiros dias do RIR com o sentimento (que assumo possa ser injusto, até porque não vi outras bandas) de que Bruce Springsteen foi enorme e o resto… paisagem.
Uma das melhores bandas da atualidade. Uma extraordinária música e um dos mais espetaculares videoclips de sempre. Com imagens surreais a cruzar diferentes cenários, estamos perante uma obra de arte. Impressionante!
Escrita em fevereiro de 1964 por Paul Simon, na sequência do assassinato de John F. Kennedy e celebrizada poucos anos depois pela mítica dupla Simon & Garfunkel, The Sound of Silence aparece nestes dias com uma versão absolutamente arrebatadora.
É dos Disturbed (banda de metal alternativo, já com uns anos de rodagem) e é, no mínimo, poderosa. Vale a pena ouvir.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.