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O above e o below na publicidade, na política, no desporto e na vida em geral. E algumas histórias entre linhas.
A música de Caetano Veloso entrou na minha vida já bastante depois da adolescência, numa fase em que comecei a ouvir com mais atenção outro tipo de música que não rock, numa altura em que deixei de o achar uma espécie de mago velho.
Um pouco de atenção foi mais do que suficiente para perceber e sentir o óbvio encantamento - e, na verdade, para me achar uma realíssima besta por ter ignorado, durante uma parte da minha vida, um dos muitos deuses, se calhar o maior, da música popular brasileira.
Com o passar dos anos, para além de gostar (cada vez mais) de Caetano, comecei a degustar. E ontem assistimos a um concerto em modo de “menu de degustação”, intimo, de poesia cantada sempre acompanhada por um violão a encher a sala.
Como entrada, apareceu Teresa Cristina, com o extraordinário Carlinhos 7 Cordas, para cantar Cartola - compositor sambista da Mangueira. Uma hora quente e deliciosa de homenagem ao samba, absolutamente surpreendente e emocionante, o início de uma noite perfeita.
Depois, Caetano, o prato principal. 74 anos. Cantou maravilhosamente, como era suposto e ainda arriscou (e tão bem) um Love for Sale “à capela”, bem como o tema Libertação, em português - um poema de David Mourão-Ferreira interpretado por Amália. O velho que eu já achava velho há mais de 20 anos, foi sublime e fez-nos levitar durante todo o espetáculo.
O concertou terminou com os três em palco, qual sobremesa arrebatadora que nos deixa de barriga cheia e alma lavada.
Tenho a sorte de já ter visto ao vivo este expoente máximo da música brasileira uma meia dúzia de vezes. Se a vida o permitir, gostava de (pelo menos) duplicar este número. E saborear outra vez cada segundo da música de um mago, que de velho tem pouco.
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