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Tenho assistido meio incrédulo à absurda polémica que estalou à volta (ou em cima) do sócio fundador da Padaria Portuguesa. Curto e grosso, aos analistas maledicentes que o tratam de forma depreciativa como “padeiro”, apenas digo: tenham juízo!

Este empresário, que fez nascer o seu negócio (com outros sócios) de forma legal, em 2010 - investindo largos milhares (milhões?) de euros quando a crise já “estalava” por todos os lados - teve o azar de dizer o que pensava publicamente, defendendo maior flexibilização da legislação laboral.

Na verdade, para a maior parte dos críticos do “tudo e mais alguma coisa” pouco interessa que aquilo que Nuno Carvalho defende seja o que recomenda a OCDE ou o que defendia Mário Centeno num estudo feito para o PS, antes de perceber que para ganhar eleições tinha que “virar a agulha” noutra direção. Não interessa também que os empreendedores, que vieram há 7 anos arriscar e inovar num setor parado no tempo, tenham modernizado um negócio tradicional e criado mais de mil postos de trabalho - e queiram à data fazê-lo crescer ainda mais, investindo nos próximos anos.

A estes (e a alguns sindicalistas seguramente habituados a gerir empresas e a operar em mercados altamente competitivos), recomendo que boicotem a Padaria Portuguesa e passem a frequentar multinacionais do mesmo segmento, como a Eric Kaiser ou a Starbucks – que estas, seguramente, pagam principescamente aos seus funcionários.

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12 comentários

De Anónimo a 29.01.2017 às 21:30

Só por uma pessoa ter fundado um negócio que sim, deu trabalho a muita gente, não quer dizer que estejam protegidas de tudo. E quando dizem algo que, no meu ponto de vista, é incorrecto vão ser criticadas. A padaria portuguesa - como a maioria de grandes empresas, pagam aos funcionários de atendimento ao público o ordenado mínimo (ou menos quando contratam a part-time). Obviamente que eu considero o ordenado mínimo um salário algo injusto nos dias de hoje, mas isso é só o meu ponto de vista pessoal. Das palavras deste senhor retiro que ele gostaria de pagar o mesmo aos trabalhadores, mas que eles pudessem trabalhar mais horas. Ora que sentido é que isto faz? Se o senhor quiser que os seus trabalhadores trabalhem mais horas do que as 8h normais, pode pagar horas extra - é barato? Não. Mas o ser humano não foi feito para trabalhar mais do que 8 horas seguidas - aliás nas sociedades ditas evoluídas (exemplo óbvio dos países nórdicos) o horário de trabalho é muito mais reduzido, os trabalhadores recebem mais dinheiro e, surpresa, são mais produtivos.
Eu não acredito que o senhor da padaria seja má pessoa, não quero acreditar que se um explorador horrível. Acho que está absolutamente "fora" no que diz respeitos a condições e direitos laborais e nem percebe porque é que estes existem... É triste.

De Crocdundee a 29.01.2017 às 22:07

Sim, isso mesmo.
O padeiro palerma o que quer é maiores facilidades para despedir, horas extra não pagas e que as pessoas deixem de ter vida própria.
Isto foi o ele disse. Não ver isto é estar a deturpar as coisas.

De J. M. a 01.02.2017 às 09:47

Este tipo de reações reforçam a minha perceção de que a nossa sociedade não está preparada para a flexibilização do mercado de trabalho. Somos demasiado acomodados e precisamos de nos sentir constantemente seguros. Ainda que a segurança não seja sinónimo de felicidade laboral ou evolução profissional.

De Gabriel Ricardo Monteiro Reis a 01.02.2017 às 10:52

Pois...para .alguém licenciado em marketing , a exploração é um mal menor...

De Pedro S a 01.02.2017 às 11:08

Caro Blow the Line, até compreendo o seu ponto de vista, afinal não é por discordar de si que não tenho de o compreender. E discordo da sua análise, mas não é por isso que comento. É que a pertinência da sua opinião deita tudo a perder no fim do seu texto. Ao ironicamente sugerir que boicotemos a PP e passemos a frequentar a erik keiser ou a starbucks porque pagam principescamente aos funcionários (querendo dizer que estes últimos também não pagam melhor), está a sugerir que isto é mesmo assim, que pagar mal é a norma, e que contra isso nada a fazer. Está a nivelar por baixo. E sem querer até está a menosprezar a PP, pondo-a ao nível de atitudes empresariais que visam exclusivamente o lucro através de um crescimento desenfreado do negócio. Se cria empregos e é importante para a economia? Sim, é. Se se preocupam com o bem estar dos funcionários e lhes pagam convenientemente? Não. tal como na eric keiser ou a starbucks. Tirando que a PP é portuguesa, podemos então afirmar, e usando uma analogia à actividade em causa, que é tudo "farinha do mesmo saco"

De Monica Silva a 02.02.2017 às 09:39

Muito bom comentário. Na mouche!

De Zzzzz a 01.02.2017 às 11:41

Típico!!! Tal como o ladrão apanhado acha que a culpa é do assaltado que tinha os seus bens em casa, também o empresário padeiro (muito treteiro!!!) culpa agora os analistas maledicentes. Mas este não é o cerne da questão. Como não é o cerne da questão o facto de o empresário arriscar, inovar, investir, dilatar o fabrico e a venda de boroas e moletes. Como também não é o cerne da questão o facto de ele criar „mais de mil postos de trabalho“, o que não passa de um efeito colateral, a não ser que o padeiro empresário fosse um empresário samaritano. O cerne da questão é a fome de lucro, a cupidez, que num país de mão de obra barata, precária, desprotegida, desregulada, bem depressa faz o empresário investidor, criativo, criador, empreendedor, ter mais olhos que barriga e salivar por todos os poros. Fosse Portugal um país onde a dignidade humana se escrevesse com maiúsculas e com letras de ouro qualquer empresário antes de pensar em abrir vinte padarias pensaria nos trabalhadores que teria de empregar. Um empresário pode ser tudo o que quiser, ubíquo ainda não é.

De Mulher a 01.02.2017 às 12:47

Olá Ricardo!
O problema dos Empresários Portugueses é este mesmo: acham que para manterem um negócio e terem lucro, só mesmo se explorarem os funcionários... Muito triste tendo em consideração que, e já está mais que provado, não é isso que vai contribuir para que o negócio se mantenha e tenha lucro. No Norte há um Empresário que tem uma fábrica e paga €1.500,00 de ordenado a cada funcionário... E sabe que mais? Cada vez tem mais encomendas!!! Já teve inclusive de recusar encomendas! A fábrica cumpre sempre os prazos e por vezes, ainda entrega o material antes do prazo estipulado!!! E quando é necessário os funcionários trabalham horas extras e não querem mais remuneração por isso!!!! Dizem que se o Patrão lhes paga bem, então não há necessidade de pagamento de horas extras, porque estas também só acontecem esporadicamente!! É este o tipo de mentalidade que os Empresários Portugueses deviam ter, em vez de andarem a "chorar" que não podem pagar mais que o ordenado mínimo... É que já não há pachorra!
Com os melhores cumprimentos

De Zé Pagante a 01.02.2017 às 13:02

"...Este empresário, que fez nascer o seu negócio (com outros sócios)..." e quem são estes outros sócios? Era bom que clarificasse, porque se diz, tudo alegadamente, claro, que um deles é o Dias Loureiro, que está sob suspeita no roubo do BPN, banco este que custou aos contribuintes MILHARES DE MILHÕES DE EUROS, é só pesquisar quantos. Era bom clarificar, donde veio o dinheiro....

De Mena a 01.02.2017 às 13:36

Concordo absolutamente.
Aliás, bom mesmo era que se tornasse legal a escravatura. Aí sim, ele conseguiria fazer crescer muito mais o negócio.

De Carlos a 01.02.2017 às 13:49

Criar empregos nao equicale a destrocar a dignidade humana com salarios miseraveis. Perguntem a elite bem falante, bem pensante e bem escrevente se aceitavam trocar de lugar com os trabalhadores - nao empregados - deste magnanimo patrão?

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