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O above e o below na publicidade, na política, no desporto e na vida em geral. E algumas histórias entre linhas.
Ninguém, com o mínimo de bom senso, ficou indiferente ao massacre numa discoteca em Orlando, no passado fim-de-semana. Uns, mais do que outros, foram exibindo a natural indignação. Uns, mais do que outros, fizeram questão de mostrar a revolta que lhes ia na alma, perante mais uma atrocidade, num país que insiste em vender armas como se fossem cogumelos.
O Rui Maria Pêgo expôs o que sentiu, e muito bem, aqui. E assumiu, no desabafo, “gostar de meninos”.
Independentemente do foco da mensagem estar na inacreditável chacina, logo surgiram comentários estúpidos (não me ocorre outro adjetivo) sobre o que menos importava. E a natureza humana, às vezes, é tão surpreendentemente má, que começaram a surgir também comentários ofensivos, que acusavam o radialista de pedofilia, por “gostar de meninos” – o que o “obrigou” a alterar o post para um “gostar de homens”.
Pergunto-me muitas vezes o que têm algumas pessoas na cabeça, pergunto-me em que momento e qual a razão pela qual se transformaram numa espécie de corja, género abutre, que aponta o dedo a tudo e a todos e que destila ódio só porque sim. Pergunto-me o que leva as pessoas a serem cruéis e que atos desumanos cometeriam por cá, se também lhes déssemos a facilidade de terem armas na mão. Pergunto-me porque não se limitam a tentar viver bem com as felicidades várias que podem, na maior parte dos casos, encontrar à frente do nariz, em vez de “esquartejarem” on-line quem apenas teve um ato público normal, mas ainda assim, de admirável coragem.
Enfim, na essência, vamos vivendo com o sonho cada vez mais longínquo do dia em que os crimes de ódio (todos os crimes de ódio) acabem de vez e com a ténue esperança de que, também um dia, a tolerância e o respeito façam parte da nossa base civilizacional, de forma clara. Até porque, de facto e citando o Rui, “um dia vamos todos parar ao mesmo forno”.
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